Foto: Sam, o hobbit carregando o personagem Frodo da triologia Senhor dos Anéis.
Para todos os “Sams” de cada Frodo neste mundo. Um minuto de silêncio para os co-sobreviventes da Alienação Parental
“Nas artes cênicas, um ator/atriz coadjuvante ou secundário é uma categoria de ator em uma peça teatral, filme ou qualquer outra manifestação dessas artes que coadjuva, dá suporte, contracena com os atores responsáveis por desenvolver a trama principal da obra e, com sua interferência, auxilia os mesmos a transmitir suas mensagens e ideias; é um ator/atriz que interpreta papel secundário, também é um ator/atriz que acarreta quase todas as fases de maiores cenas de espectactividade.” (Fonte: Wikipédia)
Nada mais adequado do que iniciar este artigo fazendo uma bela e merecida analogia ao atores coadjuvantes, como os companheiros daqueles que lutam contra a Alienação Parental. Das inúmeras literaturas publicadas tanto online quanto em livros, estes atores que sustentam bravamente este papel não são assumidos nas obras de acordo com sua verdadeira importância. Ainda segundo o site Ficção em Tópicos, ator coadjuvante ou co-protagonistas “é o personagem que tem relação próxima com o protagonista e o ajuda na busca de seu objetivo ou tem o mesmo objetivo que ele. Co-protagonistas ajudam a complexificar e enriquecer a história, permitindo que diferentes aspectos do tema central sejam explorados.”
Para aqueles que leram o artigo “https://www.comcausa.net/single-post/2017/05/14/A-periculosidade-dos-mecanismos-da-Alienacao-Parental”, neste mesmo grupo de origem, e se sentiram mal pelos pais e mães alienados, tenham em mente que nesta espiral de violência existe um Samwise Gamgee, o “Sam” do Senhor dos Anéis. Os que acompanharam a triologia Senhor dos Anéis, conhecem bem o papel deste personagem. Os que não conhecem, em poucas palavras, Sam foi o guardião do protagonista desta triologia, escrita por John Ronald Reuel Tolkien, Frodo Baggins. Frodo foi o responsável por levar o anel que continha poder inimaginável, que encontrará na história para ser destruído, visto que em mãos erradas poderia causar o fim do mundo, ou, a era das trevas.
Entretanto, tal poder inimaginável custará um preço caríssimo a ser pago pelo seu portador. Para cada vez que o poder era utilizado, uma parte da vida de seu responsável era sugada. Não só sugada, mas modificada, assombrada e tomada pela tristeza e raiva. Vamos lembrar-nos das inúmeras cenas que Sam foi vitima das conseqüências perversas do anel que Frodo carregava. Quando o poder maligno do anel fez Frodo questionar e cobrar o companheirismo de seu melhor amigo, e ser ríspido com seu inestimável companheiro, que logo em seguida corajosamente salvou sua vida (cena da aranha Laracna em “O Retorno do Rei”). E vamos também lembrar-nos das inúmeras cenas que Sam continuou sua empreitada ao lado de Frodo, dividindo o peso do fardo ao carregar o anel em parte da empreitada, para aliviar o protagonista, e ambos, foram até o final da jornada para a destruição definitiva do anel (cena retratada na foto do artigo onde Sam carrega Frodo em seus ombros).
Fazer analogias da vida real, com historias fictícias, nos ajudam a tomar consciência do tamanho das histórias reais, vividas por pessoas reais e muitas vezes não conhecidas. Aqui fica clara a comparação da Alienação Parental com o anel de Sauron, o mais poderoso dos 20 anéis. Poderíamos comparar a Síndrome da Alienação parental nos momentos em que Frodo é tomado pelo poder de Sauron e se torna outra pessoa, irreconhecendo seu maior companheiro, “aquele que participa da vida ou das ocupações de outrem” (Fonte: Dício – Dicionário Online de Português). Retomemos as cenas em que Frodo troca a amizade de Sam pela amizade do Gollun Smeargle, dando total atenção a esta falsa e gananciosa criatura, que, também foi vitima do anel, criando um circulo vicioso de maldades.
Para todos os casais, em suas diversas formas amorosas, sabemos que problemas conjugais são da mais perfeita e trabalhosa normalidade. Porém, nem todos compartilham de problemas alheios criado por pessoas alheias. Problemas estes que se tornam parcela daqueles que não fazem parte, mas que tomam parte. A Alienação Parental é criminosa não só com a criança, com os pais e familiares, mas aqueles que ficam de pé na trincheira de uma guerra estranha, mas que tem como alvo vitimas inocentes. Todos aqueles que acompanham seus parceiros e parceiras se tornam militantes genuínos da causa. Muitas vezes aqueles que mediam, orientam e evitam as consequências de danos maiores causados pela dor oriunda de ações vis de terceiros. Ou seja, Golluns que roubam parte e tempo de uma relação sadia merecida entre duas pessoas.
Sabemos que a lei da Alienação Parental contemplou tão tardiamente os avós das crianças vitimas. Mas, sabemos que para além da lei, existem outros acidentados não abraçados pela justiça. E se fossem abraçados, não poderíamos contar com tal eficiência, pois até hoje os responsáveis pela sua aplicação desconhecem tal legislação e fenômeno social. Então só podemos agradecer aqueles que escolheram até o momento, ficar ao lado de seus companheiros e companheiras, por qual motivo louco ou racional que seja. E para aqueles que já não estão mais presentes, pelas decisões que seus corações tomaram, e suas mentes optaram contracenar outros papeis independentes, agradecer pela tarefa de ter carregado o anel de Sauron enquanto estavam presentes. O agradecimento se estende também aos familiares, mas este artigo é voltado para aqueles que não têm laços sanguineos com as vitimas, parentesco ou outra relação obrigatória, estão nesta luta voluntariamente.
Um minuto de silêncio a toda e todo Samwise Gamgee da vida real.
- Fernanda T. Figueiredo | Cientista Social
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