Nos últimos anos tem se intensificado os registros de ataques a templos, e a pessoas, motivados pelo ódio religioso. Em um país com tanta diversidade, após romper com as perseguições do próprio Estado. Os casos de intolerância religiosa têm aumentado principalmente no Rio de Janeiro onde narcotraficantes e milicianos estão impedindo terreiros de umbanda e candomblé de funcionar com ameaças e violência.
No segundo semestre de 2017 ocorreu uma série de ataques a templos religiosos na Baixada Fluminense, uma região que abriga mais de 800 terreiros. A sociedade se mobilizou e cerca de 50 mil pessoas se reuniram em Copacabana, no Rio de Janeiro, para protestar contra a intolerância religiosa. Além deste, o presidente em exercício da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o deputado André Ceciliano, juntamente com o deputado Carlos Minc articularam e aprovaram a única lei do Brasil que atua contra a intolerância, a Lei 7.855 que foi sancionada no dia 15 de janeiro de 2018. Nela está determina que as ocorrências motivadas por intolerância religiosa sejam assim classificadas nas delegacias policiais e registradas no Instituto de Segurança Pública.
Já no final de 2018, no dia 13 de dezembro, a Polícia Civil inaugurou - na Rua do Lavradio 155 - região central da cidade, a Delegacia Especializada em Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), tendo como delegado titular o Dr Gilbert Stivanello. Os policias desta unidade passaram por uma série de capacitações para atender as vítimas de crimes como racismo, xenofobia, intolerância religiosa e homofobia.
Ataques e atos de intolerância continuam
Apesar da criação de mecanismos de combate à intolerância, as situações continuam a acontecer. Investigadores dizem que a Baixada concentra boa parte das ameaças registradas esse ano.
O último caso aconteceu na semana passada em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, quando um criminoso ordenou o fechamento de vários terreiros. Testemunhas relataram à polícia que houve uma ação coordenada pra fechar terreiros na região, principalmente nos arredores do Jardim Gramacho.
"Ninguém é maluco de peitar, foram 15 barracões, 15 babalorixás de nome, de respeito, que não vão poder mais ser cidadãos", disse uma das testemunhas à imprensa. Uma outra pessoa diz que os barracões foram obrigados a fechar: "Está proibido. Não se toca mais o candomblé, não se toca mais a umbanda".
O delegado da Decradi confirma as investigações em Nova Iguaçu, mas relatou que nenhuma das vítimas de Caxias foi até a delegacia para comunicar a onda de ameaças da semana passada. Para a polícia, os casos ocorrem em áreas dominadas por uma mesma facção. As investigações são da Decradi, delegacia criada no ano passado para combater os crimes de intolerância.
Audiências e caminhada
Segundo a secretária municipal de Assistência Social da Prefeitura de Nova Iguaçu, Elaine Medeiros últimos meses foram realizadas encontros com o Ministério Público Federal na OAB de Nova Iguaçu, reuniões na Casa de Cultura da cidade e uma solenidade na Câmara de Vereadores: “Temos que alinhar todas as ações das diversas instancias do poder público e dos movimentos sociais de Nova Iguaçu e da Baixada. O Ministério Público Federal em São João de Meriti, responsável por toda a Baixada, abriu um inquérito civil diante do aumento dos casos de intolerância religiosa e de ameaças aos terreiros”, afirma a secretária.
Já os movimentos sociais estão promovendo I Caminhada Inter-religiosa da Baixada Fluminense no dia 14 de julho de 2019. A concentração será a partir das 09 horas na Via Light, esquina com a Rua Dom Walmor, em frente a Praça dos Direitos Humanos. As pessoas participantes saírrão em caminhada até o Polo Gatronômico, próximo da garagem de ônibus da empresa São José. Estão convidados pessoas de todas as religiões e que querem um Brasil com respeito à fé de todas e todos.
A ComCausa continua participando deste movimento e abriu o portal comcausa.net/religiosidade
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