Caminhada no bairro Cabral, de Nilópolis, pelos jovens mortos na Chatuba de Mesquita, em 2012 | Foto Adriano Dias
A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) vai criar a Comissão Especial de Inquérito sobre as mortes de jovens negros e pobres no estado. De acordo com o relatório apresentado em 2016 pela Comissão, jovens negros morrem quatro vezes mais que os brancos no Brasil. O que corrobora com os dados do Instituto de Segurança Pública. Segundo o ISP, no Rio de Janeiro, dos 1.227 assassinatos ocorridos até março de 2017, metade das vítimas tinha até 29 anos.
Adriano Dias - a esquerda - no debate na Rádio Nacional sobre segurança com ex-comandante da PM do Rio, Coronel Ibis.
De acordo com Adriano Dias, fundador da ONG ComCausa, que atua no enfrentamento à violência na Baixada Fluminense, os homens jovens, negros e com baixa escolaridade são o perfil típico das vítimas fatais: “Estas informações e dinâmicas não são novas. O que mais preocupa é que a direção das políticas de segurança indicam o agravamento desta situação no Brasil, principalmente no Rio depois da intervenção militar”. Ainda de acordo com Adriano, “A taxa de homicídios em geral é de 28,9 por 100 mil habitantes. Mas, se separarmos somente jovens entre 15 e 29 anos, para cada 100 mil, chegamos a 60,9. Entretanto, se segmentarmos homens negros jovens, temos 113,6. Literalmente um genocídio”.
Para a cientista social Fernanda Torres, o crescimento econômico e inclusão em determinados programas sociais de redução da desigualdade que o Brasil viveu nas últimas décadas, não refletiu nestes números. “É uma questão de cultura de violência que deve ser descontraída”.
O presidente em exercício da ALERJ, deputado estadual André Ceciliano, segue a mesma opinião: “Não vai ser matando a nossa juventude que vamos resolver os problemas da segurança pública. Tive esta experiência como gestor quando chegamos próximo a zero de homicídios em Paracambi (na Baixada Fluminense, região metropolitana do Rio)” – e conclui André – “É buscando a empregabilidade, fortalecimento das políticas de assistência e investindo forte em cultura, esporte e educação que você salva este jovem. Sabemos que, quanto mais anos de escolaridade, menor é a chance de homicídio”. O trabalho da Comissão ALERJ sobre extermínio de jovens vai ser instalado nesta terça, dia 27 de fevereiro, a partir das 11h, na sala 311 do Palácio Tiradentes. No encontro, vão ser eleitos o presidente, o vice-presidente e o relator da CPI.
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