A destruição do Pórtico da cidade de Belford Roxo é um dos sinais de agressão descaso que permeiam os municípios da nossa Baixada Fluminense.
Existe uma cultura de desvalorização que já está instalada há várias décadas na Baixada. Os moradores da Baixada Fluminense tem uma dificuldade muito grande de reconhecer os territórios como seus, de se reconhecerem pertencentes a um território de verdade.
Por várias questões históricas (como o fatiamento e loteamento de toda a Baixada Fluminense de forma irregular, tanto do ponto de vista legal como do ponto de vista social) existem poucas referências de território que façam com que os habitantes desse lugar se sintam acolhidos e se sintam cidadãos que merecem respeito e dignidade.
Há muitos anos a Baixada é um local onde não há um planejamento de política pública e sim planos de poder. Vários administradores que passam pelos nossos municípios pretendem deixar a sua marca, desrespeitando a história e muitas vezes o sentimento da população.
A destruição do Pórtico da cidade de Belford Roxo é uma ação que justifica um plano de eternização de nomes em detrimento da construção de uma identidade territorial.
Falando especificamente do município de Belford Roxo, percebe-se várias necessidades da população, nas mais variadas esferas de atuação do que deveria se esperar de uma administração, do que a destruição de marco, que muito para além de uma mera localização geográfica da cidade, gera uma identificação do cidadão belford-roxense com o lugar a que pertence.
É necessário, por parte do poder público um cuidado maior com as reais necessidades da população da baixadense. E cabe às várias instituições e entidades que representam a sociedade civil organizada, se manterem vigilantes ante essas violações e persistir na cobrança de um olhar mais carinhoso para com, como dizia o nosso querido Bispo Dom Adriano Hipólito, “o povo sofrido da nossa Baixada Fluminense".
- Alexandre Paiva é professor, historiador e presidente da ComCausa
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