A Diocese de Nova Iguaçu, no próximo ano celebrará o centenário de nosso saudoso, audacioso e guerreiro Bispo Dom Adriano Mandarino Hypolito. Queremos nesta ocasião fazer memória de inúmeros momentos, ações, celebrações e toda vida e diálogo do Bispo Profeta da Baixada que se dedicou de forma inigualável à igreja, aos pobres e excluídos e as políticas públicas de promoção e defesa dos Direitos Humanos.
Um mês antes de falecer, Dom Adriano participou do Seminário na Alemanha, onde falou sobre “Evangelização e Exclusão Social na Baixada Fluminense”. Com este olhar, com este tema, com esta força e seu vigor o queremos lembrar.
Dom Adriano, foi Bispo para além dos muros da Igreja, ou melhor, levou o anúncio e a denúncia ampliando os muros da Diocese para que chegasse aos clamores de seu povo.
Queremos que neste Centenário, todas as suas ações sejam lembradas, seus diálogos, trabalhos, enfim tudo aquilo que possamos reconhecer e propagar ainda mais seu valor para igreja da Baixada e para o mundo. Neste sentido, convidamos aqueles que tem material, a partilhar conosco pelo e-mail centenariodah@gmail.com ou no Acervo Diocesano com o Antônio Lacerda.
A Coordenação das Atividades do Centenário que contarão com Missas, exposições, seminários, medalha e etc, tem como Coordenador o Pe. Edmilson Figueiredo, a equipe de Assessoria é composta por: Pe. Bruno, Ir. Yolanda Florentino, Antônio Lacerda, Sada, Alcimário Júnior e Rita Rocha, bem como a participação de todos aqueles que amam nossa Diocese e lutam por um futuro melhor aqui e em qualquer lugar onde sofra um irmão.
Iremos lembrar mês a mês, todos os momentos importantes da vida e obra de Dom Adriano, começando por seu nascimento, ação e obra, bem como o sequestro e o fatídico atentado ao Sacrário da Catedral de Santo Antônio.
Dom Adriano foi vítima de infarto, aos 78 anos, em 10 de Agosto de 1996, no Hospital Nossa Senhora de Fátima, em Nova Iguaçu.
Nasceu em Aracaju, em 18 de Janeiro de 1918, como Fernando, Dom Adriano Mandarino Hypolito foi ordenado padre em Salvador, em 1942. Frade franciscano, atuou até o início dos anos 60 no Seminário de Ipuarana, na Paraíba, ocupando os cargos de Prefeito e diretor de Estudos; e sua ordenação como Bispo ocorreu na capital baiana, em 1963. Além de estudar teologia em Salvador, ele aprendeu filosofia em Olinda. Amigo do escritor Manuel Bandeira, Dom Adriano Hypolito também produziu na literatura e na música.
Na Baixada Fluminense, vigiado pelos órgãos de repressão na década de 70, o Bispo manteve suas atividades na Igreja e seu trabalho social, voltado para a população mais pobre. Acusado de comunista, chegou a afirmar, certa vez, que nunca teve simpatia pela ideologia marxista, rechaçando também o título de progressista.
Personagem central da história da Igreja, na Baixada Fluminense, e da luta por direitos humanos durante a ditadura (1964-1985), Dom Adriano Hypolito foi sequestrado dez anos após assumir a Diocese. Após o sequestro, ele foi abandonado despido num matagal em Jacarepaguá, com o corpo pintado de vermelho. O carro do religioso, um Fusca, foi levado até as proximidades da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na Glória, e destruído numa explosão. O atentado seria uma ação da Aliança Anticomunista Brasileira, mas nunca um envolvido foi sequer identificado ou punido pelas autoridades. O Bispo foi ameaçado de morte e chegou a ser aconselhado por amigos e até por superiores a deixar a Baixada, mas ele resistiu.
Estas e algumas outras estórias serão valorizadas e apresentadas durante todo o ano de 2018 para que possamos reconhecer sua luta e nosso território no combate aos Direitos Humanos e daqueles que mais sofrem, além de valorizar a produção imaterial construída na luta de um povo e no sonho da utopia da construção do Reino dos Céus aqui.
Por Alcimário Júnior
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