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Familiares acusam polícia por morte de menino


Familiares acusam polícia por morte de menino

Familiares de Kauê Ribeiro dos Santos, de 12 anos, estiveram no Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio, para liberar o corpo do adolescente, na tarde desta segunda-feira. Eles acusam a Polícia Militar de ter assassinado o menino, na noite de sábado, no Complexo do Chapadão, na Zona Norte do Rio. O pai da vítima, Ademar Ferreira dos Santos, de 44 anos, afirmou que o filho foi baleado enquanto voltava para casa após vender doces na região.

A tia de Kauê, Nadja dos Santos, de 42 anos, já perdeu um filho, em 2014, também em ação da PM. Ela conta que o sobrinho foi baleado por volta de 19h e que o corpo do menino foi levado para o Hospital Carlos Chagas, na Penha, apenas por volta de 10h do dia seguinte: “O que mais me doeu foi o policial perguntar se eu sabia que ele era envolvido, ele não era envolvido, ele quer esconder o despreparo dele. Eles têm que proteger, não tem que matar”, contou. Ela diz ainda que, segundo testemunhas, o adolescente foi jogado no blindado da PM com outros baleados.

Em nota a Secretaria Estadual de Saúde afirmou que quatro pessoas feridas deram entrada no Hospital Carlos Chagas, na noite de sábado e uma quinta vítima, sem identificação, chegou ao local sem vida e foi transferida para o IML para o reconhecimento do corpo.

O pai do menino desabafou sobre o momento em que soube que o filho foi baleado: “Eu estava em casa e ele estava lá vendendo a balinha dele. Menino trabalhador e hoje está morto. Um inocente, com o sonho de jogar bola. Como uma criança de 12 anos vai ser traficante, com um saquinho de bala? Uma criança!” desabafou.

Nadja diz que a culpa da morte do sobrinho é do estado. “Eu não culpo os policiais, eu culpo quem tá sentado lá, se eles entram na comunidade com essa autoridade é porque alguém autorizou e sabem que não vai acontecer nada com eles”, disse.

Segundo ela, o sobrinho vendia balas para comprar o uniforme e uma chuteira, pois tinha o sonho de ser jogador e entrar para uma escolinha de futebol montada no Chapadão. Nadja conta que além de trabalhar, o menino também estudava e ajudava a família. A mãe de Kauê tem outros sete filhos: “Ele que comprava as coisas dele e ainda ajudava em casa. Ele via a carência dos pais e foi atrás de alguma coisa. Todo mundo conhecia ele nos bairros da região porque ele estava sempre trabalhando”, explicou.

A tia do menino contou ainda que o Estado não procurou a família para prestar apoio. O enterro de Kauê será realizado nesta segunda-feira, no Cemitério de Olinda, em Nilópolis, na Baixada Fluminense, às 15h.

De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (Isp), o número de mortes por interferência do Estado aumentou 49% em comparação ao mesmo período de 2018. Este ano, no mês de julho, foram registradas 194 mortes e 130 em julho do ano passado, 64 vítimas a mais. O estudo avaliou até o momento os meses de janeiro a julho de 2019.

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