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Frei Tito estará sempre presente


Tito, jovem nordestino (cearense) cheio de fé, frade dominicano, dedicou-se à luta contra a ditadura militar no Brasil. Acusado, como outros confrades, de dar apoio logístico à Ação Libertadora Nacional, de Carlos Marighella, foi preso e brutalmente torturado, dias seguidos. O chefe de seus algozes, delegado Sérgio Fleury, colocava fios desencapados em sua boca e aplicava violentos choques elétricos, gritando: "é a hóstia! Comunga, seu f-d-p!' Tito foi libertado em dezembro de 1970, incluído entre os prisioneiros políticos trocados pelo embaixador suíço. Logo após sua liberação, relatos dão conta que ao desembarcar em Santiago do Chile, um companheiro comentou: “Tito, eis finalmente a liberdade!”. O frei murmurou: “Não, não é esta a liberdade”. É que, mesmo livre, no exílio, sofria com a memória das terríveis torturas, que marcaram sua carne e seu espírito. Os torturadores passaram a viver dentro dele, em dias e noites de continuadas trevas e terror.

Tito escreveu em Paris, a 12 de outubro de 1972:

“Quando secar o rio da minha infância / secará toda dor. Quando os regatos límpidos de meu ser secarem / minh'alma perderá sua força. Buscarei, então, pastagens distantes / lá onde o ódio não tem teto para repousar. Ali erguerei uma tenda junto aos bosques. Todas as tardes, me deitarei na relva / e nos dias silenciosos farei minha oração. / Meu eterno canto de amor: / expressão pura de minha mais profunda angústia./ Nos dias primaveris, colherei flores / para meu jardim da saudade. Assim, exterminarei a lembrança de um passado sombrio”.

Em 1974, Tito pôs fim à sua agonia, 'secando o rio de sua infância'. Transvive na Paz do Todo-Poderoso Amor, que tanto ansiava. E continua vivo na memória e na luta daqueles que sonham com um mundo mais justo, fraterno e igualitário.

Tito estará presente sempre!

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